segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
VOCABULÁRIO USADO NA FREGUESIA DE CARREIRAS
(Serra de São Mamede, Alentejo)
Tenho consciência de que ao publicar este vocabulário estou a embalsamar uma espécie em vias de extinção. Junto aqui regionalismos a castelhanismos, misturando ainda na lista termos dicionarizados, mas pronunciados de forma diferente ou com um significado distinto do comum. Sempre que foi possível, tentei reproduzir a pronúncia mais autêntica e antiga. Infelizmente, os efeitos da erosão linguística provocada nos últimos trinta e cinco anos pelos media nem sempre permitiram a concretização deste propósito.
Esta lista não constitui entretanto um produto acabado. A seu tempo serão acrescentados outros termos. Incluir-se-á também nesse futuro alguma informação etimológica e gramatical sobre os vocábulos e/ou expressões idiomáticas.
Não tenho ilusões bairristas em relação a este trabalho de recolha, sabendo que muitos dos vocábulos ou expressões são partilhados pelos habitantes doutras aldeias vizinhas ou doutras regiões do país. Viso apenas fixar um conjunto de termos arcaicos e/ou regionais em vias de desaparição.
Além da lista que apresento, para a região em apreço será bom consultar os trabalhos de Alexandre Carvalho Costa, Maria Guadalupe Alexandre, Domingos Bucho e Teresa Simão.
A
ABARRUNTÉR – gabar-se excessivamente.
ABÊBRA – figo negro.
ABELHÊRA – ligação amorosa extraconjugal.
ABESPRÃO – rezingão; pessoa que fala com violência verbal.
ABOBRADO – diz-se do terreno saturado de água; embebido em água ou noutro líquido.
ACABAMENTO – almoço ou jantar oferecido por um patrão no final de uma tarefa agrícola ou na conclusão da construção de uma casa.
ACABAR COM CHIADÊRO – assassinar.
AÇAFATE DO VEGENTE – adolescente que pretende ter comportamento de adulto.
ACALITRO – eucalipto.
ACANAVIÉDO – com fraqueza corporal; alquebrado.
ACARRADO – amodorrado; febril.
ACARRÊTO – carga; frete.
ACÊFA - ceifa.
ACINCHO – anel de metal que serve de forma para os queijos.
AÇUCRE – açúcar.
ADJUNTO – multidão.
ADVERTEMENTO – divertimento.
ADVERTIR-SE – divertir-se.
AFAIANCAR – coxear.
AFAIANCAR A PERNA – coxear.
AFORRALHAR – poupar dinheiro.
AFRACOAR – afrouxar; fraquejar.
ÁGUA DE SEU PÉ – água que corre naturalmente, por efeito da gravidade.
AGUADO – espantado; perturbado.
AGUÇÉR – despertar.
AGUÇOSO – diligente.
AIVADO – coxo; aleijado.
ALACADO – magro; enfraquecido.
ALCACÊRO – forragem para os animais; alface.
ALCAIDE – pessoa que se julga superior, sobranceira.
ALCANDÓRNO – lugar alto.
ALCATRUZES – seios com um tamanho considerado excessivo.
ALDEAGAR – falar sem sentido; difamar.
ALECRENÇO - licranço (réptil).
ALEMEL – animal.
ALGANAÇAS – rapaz alto e magro.
ALGARVE – fenda em solo calcário.
ALGUÊRO – argueiro; defeito num ser humano.
ALINTERNA – lanterna.
ALMARIÉDO – doidivanas.
ALMÊJA – amêijoa.
ALPRAGATAS – sapatilhas; alpercatas.
ALTEBENQUE – assento em madeira com costas para várias pessoas.
ALTOS – primeiro piso de uma casa.
ALVÍSSARAS – canto em honra da ressurreição de Jesus Cristo.
AMAR A DEUS DE BÊÇO CAÍDO – cumprir uma tarefa difícil.
AMARGAR O CU C’MÒ PUPINO – ter um feitio difícil.
ÂMBRIA – fome.
AMESENTAR-SE – sentar-se; instalar-se.
ANDAÇO – epidemia.
ANDAR À CATA DA ROLHA – procurar desesperadamente alguma coisa; não saber como reagir perante uma situação problemática.
ANDAR C’A LUA CABRÊRA – embirrar sem razão; andar desnorteado.
ANDAR DO CU P’À PORTA – estar zangado, com as relações cortadas.
ANDAR NA BECA – trabalhar arduamente.
ANDAR NAS CARVALHADAS – viver na boémia.
APAIXONADO – possuído de grande tristeza.
APALANCAR – pedir ou perguntar a várias pessoas.
APARADÊRA – parteira.
APARTAR O FATINHO – separar-se; divorciar-se.
APARTAR O FATO – separar-se; divorciar-se.
APATETADO – esclerosado; em decadência física e mental.
APERTAR – torturar; obrigar a dizer.
AQUARTELÉR – acautelar; cuidar; guardar.
ARCO-DA-VELHA – arco-íris.
AREJÓS – guizo.
ARENCÚ – pirilampo.
ARMAR-SE EM PANGAIO – armar-se em esperto.
ARNELA – ânimo.
ARRAIA – escândalo; discussão acesa.
ARRANGUÊLHA – velhaco; ruim.
ARRÁTE – arrátel.
ARREBENA – estábulo.
ARREBENTÉDO – exaltado; irascível.
ARRECUAS, ÀS – ao contrário; de marcha atrás.
ARREGANHAR OS DENTES – mostrar-se zangado; repreender.
ARREGOAR – abrir fendas nas paredes
ARRELAMPAR-SE – zangar-se.
ARRELAMPÉDO – zangado.
ARRESÔRA – rasoira.
ARRIBA! – para cima!; sobe!; ânimo!
ARRIÉTA – rédea.
ARRIFE – socalco; talhão.
ARRUÍNA – desgraça.
ARVELA – pessoa de pequena estatura, baixa e magra; pessoa leve.
ASADA – cântaro de barro com duas asas.
ASNÊRA – mula filha de uma burra e de um cavalo.
ASSADURA – febra de porto para fritar ou assar.
ASSAQUIA - lugar pouco asseado (do topónimo Assaquia, atribuído a lugar na aldeia das Carreiras onde se depositava o lixo e os dejectos humanos).
ASSARAMPANTAR-SE – zangar-se; amuar.
ASSEVACADO – com falta de ar.
ASSOMAR – espreitar.
ASSUÃ – espinha dorsal do porco.
ASTREVER-SE – atrever-se; ter a ousadia.
ATABAFADO – com falta de ar.
ATABEFE – líquido remanescente após a feitura do queijo fresco.
ATALHÃO - pessoa esquisita, com pouco convívio social.
ATALONDRADO - com fraqueza corporal devido ao calor extremo.
ATÉ OS CÃES ENJEITAM - que ninguém gosta de ouvir.
ATER-SE A SAPATOS DE DEFUNTO – contar com a ajuda dos outros; confiar em vão.
ATRAVÊSSO – atalho.
AVANÇARRADO – decidido; ousado; temerário; audaz.
AVENTAR – deitar fora.
AVENTAR C’OS APARELHOS AO AR – zangar-se; responder de forma intempestiva.
AVESAR-SE – habituar-se.
AVESÉDO – habituado.
AZEVIA – bofetada.
AZIÉDO – com tendência para algo de negativo.
AZOADO – tonto; com ligeira dor de cabeça.
B
BADAL – conversa.
BADAMECO – pessoa que não cumpre a sua palavra.
BADANA – trabalho aborrecido.
BAFRUNHÊRO – bisbilhoteiro; curioso.
BAIXOS – rés-do-chão de uma casa.
BAJA – vagem.
BAJANCA – cova; buraco fundo.
BAJÔJA – pessoa desajeitada ou com pouca inteligência.
BALALAICAS – sapatilhas de enfiar no dedo do pé.
BALDÕES, AOS – sem apoio.
BALENQUE – baloiço.
BALHANAS – simplório; pateta.
BALHAR AS TROPECINHAS – manifestar-se alegre.
BALUERNA – confusão.
BALSAS – silvas.
BALSÊRÃO – terreno invadido pelas silvas.
BANDOLÊRO – bisbilhoteiro; coscuvilheiro.
BANDONÊSA – cesto da costura.
BANZALHO – desordem; barafunda.
BARBA – queixo.
BARBÊRO – frio atmosférico intenso.
BARRAMBANA – cabana; barranca.
BARRANHÃO – indivíduo que come muito; prato comido por várias pessoas de uma única travessa ou bacia.
BARRÔCO - vala.
BATARÉU – botaréu.
BATER C’AS ORELHAS NO MASSEIRÃO – comer.
BATER COM ELES NUMA LATA – não ter dinheiro.
BATÊTA TE VAI! – interjeição usada quando alguém perde uma oportunidade.
BECA – trabalho.
BECHÊRA – ligação amorosa extraconjugal.
BÊJO DUMA VELHA – dor sem pouco intensa.
B'LÉCO - doença pouco grave, mas crónica.
BELGA – pequena porção de terreno onde se cultiva uma única espécie agrícola.
BELHARDÊRO – coscuvilheiro; excessivamente curioso.
BEM-ASADO – jeitoso.
BERDIGAGEM – objecto velho e estragado.
BERZUNDELA – festa; banquete.
BESGUENGA – bugiganga; objecto sem importância.
BÍBARO – víbora.
BISCA – mulher perigosa.
BOAVAIELA – vadiagem; boémia.
BOCA DO CORPO – vagina.
BÔGO – pedra arredondada de grandes dimensões.
BONICO – dejecto humano.
BORCO, DE – virado ao contrário.
BORRACÊRO – chuvisco demorado.
BORRALHÊRA – cavidade na parede fundeira da lareira onde se guarda a cinza produzida pelo lume.
BORRAR A MALHADA – estragar tudo; desfazer um negócio; gorar expectativas.
BORTUEJA – irritação na pele; alergia.
BOTAR UMA CRIENÇA – abortar.
BOTELHA – garrafa com pequena capacidade; abóbora pequena.
BRANZELHENA – mulher pouco digna.
BRÍZEDA – vagina.
BUBADANAS – bêbado; alcoólico.
BUGUÉLHA – bola; melancia com baixo peso.
BURÉCA – fresta de iluminação.
BURNIR – limpar a casa.
BURRIQUE D’ ANO – adolescente.
BURRA – fortuna.
BURRICA SALVADA – jogo do eixo.
BURRO – pau com incisões, através do qual se subia aos sobreiros para lhes tirar a cortiça.
BUXA – lugar por onde se vaza a água de um tanque ou de uma represa.
BUZINO – búzio grande que servia para chamar os ranchos ou os rapazes para o baile.
BÚZIO – embaciado.
C
CABECINH' ÀRRÃ - pessoa com falhas de memória.
CABRA MACHANECA – pessoa indolente, sem vontade própria.
CABRAS – queimadura nas pernas, resultante da exposição destas ao calor da braseira de picão.
CACANHO - muco nasal.
CAÇAPO – coelho com poucos dias de vida.
CACHÃO – borbulha da água quando nasce ou jorra.
CACHAPORRA – cajado com cerca de um metro que possui uma bola no fundo, resultante da raiz da planta.
CAÇO – concha para tirar a sopa da panela ou da terrina.
CACHOPÊRO – pessoa que gosta de lidar com crianças.
CADELA – banco de madeira feito a partir da pernada tripartida de um sobreiro ou de um carvalho.
CAFANHOTO – gafanhoto.
CAFÉ – pequeno-almoço.
CAGAÇAL – barulho excessivo.
CAGAITA – sujidade.
CAGAR A PÊGA – meter-se em assuntos alheios; opinar sem ser solicitado.
CAGAR POSTAS DE PESCADA – opinar sem fundamento.
CAÍDOS, AOS – à mercê de esmolas.
CALADO – queimado pelo sol.
CALATRÓIA – comida mal confeccionada.
CALCADÔRO – eira circular onde se pisam os cereais.
CALÇAS DE CU ABERTO - calças antigamente usadas pelas crianças nem fundilhos, para que pudessem defecar em qualquer lugar.
CALDÊRO – balde, geralmente de chapa.
CALHABÔCO – pedregulho.
CALHANDRÊRA – coscuvilheira.
CAL'QUÊRA - pessoa sem préstimo; doença venérea.
CALORINA – calor intenso.
CALVÁRIO – sofrimento prolongado.
CAMALHÃO – pequeno monte de terra resultante da cavadura.
CAMASTRALHO – cama.
CANCARÔCHO – pessoa fisicamente desajeitada.
CANEJO - com as pernas tortas.
CANITO - cachorro.
CANT’À MARIA E BALH’ Ò MANEL – dinheiro.
CANÔRAS – planta que nasce no leito dos ribeiros.
CANTAR A MALAGANHA – chorar.
CANTAR AS ALELUIAS – mostrar-se alegre; cantar vitória.
CANTAR DE GALO – afirmar-se.
CANTARÊRA – poial onde se colocam os cântaros; móvel em madeira para colocar os cântaros e as asadas.
CANUDO - cano de espingarda que serve para soprar o lume.
CANXARRÊRA – pedregal.
CANXO – pedregulho; penedo.
CAPAZÓRIO – razoável.
CAPELA – coroa de flores que se faz pelo São João.
CAQUÊRO – vaso onde se plantam flores; pessoa envelhecida.
CARA DE GATO – variedade de figo.
CARAIVA – companhia; grupo de amigos.
CARAMÔÇO – acumulação de pedras rodeada por um muro rudimentar.
CARAPÉLA – crosta que se forma no lugar de uma ferida.
CARAPETOS, NÃO SE AGARRAR A – não escolher algo sem importância.
CARAPULO - copo de vinho.
CARDANO – apodo atribuído aos habitantes de Castelo de Vide.
CAREIO – jeito.
CARNE FRESCA – carne de chibo ou de borrego.
CARNÊRÊRO – local onde se depositam as ossadas junto de uma igreja ou num cemitério.
CARTACHAL – pequena propriedade agrícola.
CARTÊRA – caminho rural largo, de terra batida.
CARVALHADAS – boémia.
CASÃO – garagem; arrecadação no piso térreo duma casa.
CATARRAL – pneumonia.
CATARRÊRA – constipação.
CATARRINHA - criança.
CATÓSA – bebedeira.
CATRACEGO - com falta de visão.
CAVALINHO D’ EL REI – galã.
CAVALO D’ EL REI – louva-a-deus.
CEBÔLO – planta que origina a cebola.
CEGAR E NÃO VER – estar apaixonado.
CEGONHA - mecanismo para tirar água dos poços ou dos tanques.
C’MÚA – grande quantidade de lixo.
CENÊMAMATÓGRAFO – confusão com desfecho hilariante.
CHABARCO – charco com alguma profundidade.
CHABÔCO – reservatório de água, escavado no chão, possuidor ou não de revestimento murário.
CHAFURDÃO – construção totalmente em pedra, em geral circular, com tecto de falsa cúpula.
CHAMBARIL – pau curvo onde se pendura o porco depois da matança.
CHAMBUDO – com as pernas grossas.
CHAMPORRIOM – café com aguardente.
CHAPARRO – carvalho jovem.
CHARAVANCO – automóvel velho.
CHARIMBELHO – criança.
CHARRUECO – arado em ferro.
CHAZADA – repreensão; censura.
CHÊRAR A ROLAS ASSADAS – estar muito calor.
CHERUME – sumo; seiva.
CHIADÊRO, ACABAR COM O - matar.
CHIMPLINTIM – dinheiro.
COBRADÊRA – entrada da água num rêgo.
CÔBRO – infecção na pele.
CÔCA – mulher que usa o lenço da cabeça puxado sobre a cara.
COCHAMBETA – grupo de pessoas pelas quais não se tem simpatia.
COCHO – tigela, com ou sem pega, feita em cortiça.
CODORNO – gelo.
CÔIDA – côdea.
COLANDRÃO, DE – à pressa.
COLÊTE – sutiã.
COLHÃO D’ ALMUDE – pessoa indolente.
COMPREIÇÃO – ânimo; paciência.
COMUNISTA – egoísta; ladrão.
CONTRAMINA – mina de água.
CONVERSA DE BÊBADOS – conversa sem interesse, repetitiva.
CÓRNA – recipiente feito em chifre de vaca para guardar o azeite ou as azeitonas.
CORPO BEM FEITO, DE – sem agasalhos.
COSTADO – entrecosto de porco.
CRAVENÊRO – carabineiro (guarda civil espanhol).
CRIÊNÇA – criança.
CU ÀS BUFAS, C’O – com medo.
CUDÉDOS DO PEDR’ TARÔCO – cuidados desnecessários, extemporâneos.
CUDELÔBO – nevoeiro intenso.
CULEBRA – mulher esperta e perigosa.
CUNVITE – prenda; oferta para conseguir determinados fins (lícitos ou ilícitos).
CURIGO – variedade de figo.
D
DAR À CHIOLA – contar um segredo.
DAR ÁGUA DO CU A BUBER – seduzir.
DAR AO CANÉLO – prostituir-se.
DAR AOS ZANGONAIS – prostituir-se.
DAR VOLTA – consertar.
DATA – rodada na taberna ou no café.
DEIXAR A PÃO E LARANJAS – deixar sem resposta.
DEIXAR-SE IR NO ORIBÓL – ser enganado.
DENTANA – gozão.
DENTE DE COELHO – esperteza.
DERRANGADO – dependurado.
DERRANGAR-SE – dependurar-se.
DERREGAR – dissolver.
DERRIÇO – namoro; actividade prazerosa.
DESADORADO – dolorido.
DESALVORIDO – desorientado; sem rumo.
DESATARENTADO – desorientado.
DESCALÇAR UM PICO – dar uma resposta oportuna; afirmar-se no meio duma conversa.
DESCONTRAVONTADE – contra a sua vontade.
DESENSAMARRAÇÃO – desfolhada do milho.
DESERTO – desejoso.
DESFEGAR – trasfegar o vinho.
DESFÊGO – tarefa demorada; confusão.
DESINFRENÇAR – diferenciar.
DESMARRIDO – desconsolado; que há muito não desfruta dos prazeres da gastronomia.
DESMONTAR – fugir para parte incerta.
DESNOITÉDO – diz de pessoa que passou mal a noite, que não conseguiu dormir.
DESTEMPRADO – irritadiço; irascível.
DESTENÍVEL – insuportável.
DÊTÉR-SE C’AS GALINHAS – dormir muito cedo.
DEUS TE SALVE – saudação matinal; primeira actividade do dia.
DEXÓTE – dichote.
DIAMASCO – damasco (tecido ou fruto).
DIEBALMA – pessoa desconhecida; alma do diabo.
DOAR – aspecto.
DORMIR NA FORMA – não cumprir uma tarefa no tempo devido.
DURRIJO – em voz alta.
E
EGUARIÇA – mula filha de uma égua e de um burro.
EMBALHANADO – atordoado; apatetado.
EMBARBELHÉR – enganar.
EMBEZERRADO – com a face vermelha.
EMPALAGOSO – chato.
EMPAPLUÇAR – inchar.
EMPLICHAR – recuperar de uma doença; reverdecer.
EMPLÔRÉDO – inchado.
EMPLORÉR-SE – pôr-se num sítio alto.
EMPRANHAR VELHAS – realizar uma tarefa vagarosamente.
ENCABANADO – corcovado.
ENCABRAMADO – diz-se da pessoa que anda sobre as pedras ou que se coloca numa grande altura.
ENCALACRADO – endividado.
ENCANGALHAR – perceber; saber de cor.
ENCARAMÔÇÉDO – colocado numa grande altura.
ENCARRELHÉR – aprender.
ENCHORICÉDO – encolhido com o frio.
ENCODORNADO – enregelado.
ENCOSTAR-SE A RUIM PAREDE – contar com fracos apoios.
ENGADANHADO – enregelado.
ENGADANHAR – enregelar.
ENGROLADO – mal cozinhado.
ENGROLAR – cozinhar à pressa.
ENLAGARTADO - sujo.
ENLODRAR(-SE) – sujar(-se) com lama.
ENMACHORRADO – diz-se do tempo quente e abafado.
ENREGAR - cavar um rego; iniciar uma tarefa.
ENROLAR O ‘STOJO – morrer.
ENTRAR COM – enganar; pregar uma partida.
ENTRÁS – cancro.
ENTREMENTES – entretanto.
ENTREMOÇADA – diz-se da batata que, depois de cozida, se estraga.
ENTRETENGA – entretenimento.
ENTROPEÇAR – tropeçar.
ENVENANAR – irritar.
ENXURRO – entulho resultante duma enxurrada.
ENZUMINÉR – enganar; ludibriar.
ERVACÊDO – terreno coberto de erva densa.
ERVAÇUM – erva densa.
'SBARRONDADO – arruinado.
‘SBORTIÉDO – borrado; vomitado.
‘SCALAFRIO – arrepio de frio.
‘SCALDAR – vender caro.
'SCALDA-RABOS – susto.
‘SCALMURRA – calor atmosférico intenso.
‘SCANCHADA – passo largo.
‘SCANCHAPERNA – ângulo entre duas pernadas duma árvore.
‘SCAPATÓRIO – razoável.
‘SCARAVÊLHA – mulher muito trabalhadora.
‘SCARRAPANCHADO – montado, com as pernas abertas.
‘SCOALHO – chocalho.
‘SCORREGAR – dar dinheiro.
‘SCULATÊRA – chocolateira; mulher coscuvilheira.
‘SCULÉTE – chocolate.
‘SCUMA – espuma.
‘SCUMÊRA – avarento.
‘SFOMIÉDO – avarento.
‘SFRUNHADÔRO – gilbardeira.
‘SFRUNHÉR – limpar a chaminé com gilbardeira.
‘SGADANHAR – coçar com intensidade a pele; esforçar-se para atingir um objectivo.
‘SGALHA, NA – com grande velocidade.
‘SGALHAR – partir com grande rapidez.
‘SGRAVULHÉR – procurar fundos para atingir as suas metas ou satisfazer as suas necessidades.
‘SGUMITÉR – vomitar.
'SMICHÉDA – ferida; hematoma.
‘SPANTAR-SE – fugir; abandonar.
‘SPARAVELA, À – sem agasalhos.
‘SPARVÊRÉDO – esparvoado.
‘SPASSARADO – atordoado.
‘SPERAR O SOL – apanhar sol.
‘SPINHELA – coluna vertebral.
‘SPINHELA CAÍDA – fraqueza geral no corpo.
‘SPIOLHÉR – inquirir para, depois, coscuvilhar.
‘SPORÊTA – pessoa que se veste com roupas garridas, mal combinadas.
‘SPORREAR – ostracizar.
‘STABANADO – pessoa com atitudes incompreensíveis, social e/ou mentalmente instável.
‘STABARDULHO – pessoa falsa e sem escrúpulos.
‘STALAR A CASTANHA NA BOCA – demonstrar uma convicção.
‘STÂNCIA – superfície de madeira ou de metal onde se prepara a massa do pedreiro.
‘STANHÊRA – estante de madeira onde se colocam os pratos.
‘STAR A PÃO DE TRIGO – estar moribundo.
‘STARALHÔQUÉDO – com tonturas; nervoso.
‘STARÔQUÉDO – com tonturas; nervoso.
‘STAVERNEIO – confusão; desarrumação.
‘STERQUÊRA – lixeira.
‘STEVÊRO – variedade de figo.
‘STÔRARIA – gritaria; algazarra.
‘STREFENEFE – confusão.
‘STRIBAR-SE – tirar lucro ou benefício; fugir à responsabilidade.
‘STROPIADÊRO – barulho provocado pela cavalgada duma besta.
‘SVÉCER – demorar-se em excesso.
F
FADINHO SERRANO – conversa chata, infindável.
FALCA – pequenos pedaços de cortiça resultantes da descasca da lenha de sobro.
FANDANGARIA – pessoas sem qualidade moral.
FANDANGO – prostituta; pessoa ruim.
FANDUNGA – avarento.
FANECO – pão.
FARÇOLA – apodo atribuído aos habitantes da freguesia da Ribeira de Nisa (Portalegre).
FARINHEIRA, FAZER – ter problemas de erecção durante a relação sexual.
FARRESGO – companhia; divertimento.
FATÊXA – dente grande.
FATINHO NOVO, FAZER UM – criticar uma pessoa sem ela estar presente.
FAZER CABEÇA – pactuar.
FAZER-SE À ORÇA – roubar; sonegar.
FEGA – colha da azeitona.
FEGUÊRA - lugar onde se caiu; lugar onde há memória de uma queda.
FEGUÊRA DÔDA – lugar distante e desconhecido.
FEIO C’MÒ JULIÃO – extremamente feio.
FERRA – pá em chapa de ferro para apanhar o lixo ou a cinza na lareira.
FERRAR A UNHA NA CABEÇA – vender muito caro.
FERRAR O CÃO – contrair uma dívida sem intenção de a pagar.
FESCATA – festa; convívio; sátira.
FÊTO – feto.
FÉZES – preocupações.
FIAR-SE NA VIRGEM E NÃO CORRER – esperar que outros realizem o que lhe cabe a si.
FICAR EM ‘SCLAMENÇA – servir de lição para o futuro.
FIGO CHUMBO – figo da índia.
FINO C’MÀ LÃ DE CÁGADO – esperto.
FLAMA – chama.
FOCINHO DE BÁCRO GULOSO – pessoa esquisita na sua alimentação.
FOCINHO DE PORCO – expressão facial zangada.
FOLINHAS – pessoa frágil.
FONA – sovina.
FONA, NUMA – a trabalhar arduamente.
FONICA – remendo de pequena dimensão.
FORA FIGO! – interjeição usada para manifestar rejeição de algo.
FRATERNA – sofrimento; problema; chatice.
FRÓITA – pessoas desprezíveis.
FRONHA – mentira; face, rosto.
FUNDA – azeite produzido por uma certa quantidade de azeitona.
FUSCA – matéria vegetal que se destina a ser queimada.
G
GALADA – melancia em que se fez um galo.
GALADO – ovo fecundado.
GALAR – fazer um galo; fecundar.
GALHAPANAS – rapaz de pouca idade.
GALINHA QUE CAÇA RATOS – alguém com boa posição social e que constitui apoio seguro.
GALO – corte que se faz nas melancias para ver se estão maduras ou saborosas; parte central da melancia.
GAL’ CAPÃO – adolescente.
GANCHO, DE – com personalidade difícil.
GANHAR O QUÊJO D’ ÔRO – ter um casamento sem conflitos.
GANHAR SAPATOS NOVOS – contar uma novidade.
GARRA – cabelo.
GARRAFADA – preparado com vinho, ovos e açúcar para dar fortaleza ao corpo.
GARRÃO – grande.
GARRINHO – pequenino.
GARRIPAS – cabelos compridos.
GARROTA – bengala.
GARRUDO – cabeludo.
GATÊRA – buraco no fundo da porta para dar passagem aos gatos.
GATO – remendo.
GÁVIA – sesta.
GEAR NA CABEÇA – adquirir experiência na vida.
GODILHÃO – galo na cabeça.
GRAVANADA – chuva repentina e abundante.
GRAVANÇO – grão-de-bico.
GRUDE – fuligem da chaminé.
GUARDA-FUMÊRO – chouriço feito no intestino grosso do porco.
GUARDANHOLAS – guarda-chuva.
H
HONRA D’ ALEGRETE – sobra; resto.
I
IMBEGUÉDA – barriga saliente.
IMBEGUÊRA – cordão umbilical.
IMPESTOR – vaidoso.
INCONTABLIDADE – incompatibilidade.
INDA BEM NÃO – entretanto; quando menos se espera.
INDROMENÉR – enganar.
INGANIDO – encolhido.
INGARELAS – estrutura de madeira que, colocada sobre o dorso de um burro ou de um macho, permite o transporte de vasilhas.
INGIVA – gengiva.
IR À FORJA – rejuvenescer.
IR À MURÉLHA – defecar ao ar livre.
IR A TRONCOS DE – ir à procura; ir atrás de alguém.
IR AO GREPE – roubar.
IR AOS ARAMES – zangar-se.
IR PARAR À RABECA – ser denunciado publicamente.
ISCADO – enganado; borrado.
ISCAR – enganar; provocar uma má experiência; produzir um pequeno excremento.
J
JAQUINA MELHÊNA – pessoa que gosta muito de beber chá.
JAVARDO – porco que ainda não foi capado.
JOÃVAZ – variedade de feijão; testemunha de Jeová.
JOGAR À BUGALHINHA – manipular alguém.
JÓSPIRES – dióspiro.
JUDÊRÃO – pessoa que não respeita a religião católica; blasfemo; ateu.
L
LACÃO – chispe de porco.
LAFARUSO – pessoa mal vestida, sem cuidados mínimos de higiene.
LAGARTA - sujidade acumulada, sobretudo na pele.
LAGARTÊRO – adjectivo atribuído aos habitantes da freguesia de Alegrete (Portalegre).
LAMBARÃO – conversa.
LAMBARIÉR – conversar.
LAMBÉRÇO – abusador, pessoa que abusa da confiança que lhe dão.
LANÇAR FORA – vomitar.
LANGANHOSO – remeloso; pegajoso.
LÃ QUE VAI PRÀ BÊRA – tarefa facilitada.
LARGUEZA – quintal com uma extensão apreciável.
LASCARINO – bem humorado.
LAVADOS – roupa suja.
LAVADURA – comida com que alimentam os porcos, feita com restos de refeições humanas ou com couves cruas misturadas com farelos e água; comida mal confeccionada.
LAVARINTO – confusão.
LAVAR O CU C’A ÁGUA DAS MALVAS – auxiliar.
LAVUTADOR – sociável.
LAVUTÉR – relacionar-se socialmente.
LEBRE – pessoa libertina; mulher astuciosa.
LEI DE JOÃ-FRANCO - anarquia; ausência de regras morais ("É a lei de joã-franco, cada um amanha-se...").
LÊTEBÓ – rapaz; homem sem eira nem beira.
LÍNGUA DE CABRA – pessoa que não é capaz de guardar um segredo.
LODRO - lodo.
LUA CABRÊRA – loucura; desorientação.
M
MAÇANCUCA – um dos frutos do carvalho, com a força de uma pequena bola esponjosa.
MACHORRA – fêmea (humana ou animal) que não produz crias.
MADRINHAS – vacas que conduzem um touro ao curro no final da tourada; cabrestos.
MALACUECO – rebuçado.
MALANDAMOSO – diz-se do caminho onde é difícil transitar mesmo a pé.
MALANQUÊRAS – doenças; defeitos de personalidade.
MALAQUETÃO – espécie de pêssego; alperce.
MALASADO – desajeitado.
MAL ATROGALHADO – mal vestido.
MAL DE CANGA, PIOR D’ ARADO – de mal a pior.
MALINO – maligno; velhaco.
MANAMAFARDA, FAZER A – roubar.
MANDADOS – recados.
MANDAR À FAVA – insultar.
MANDAR À FONTE LIMPA – insultar; mandar à merda.
MANDAR CANTAR A PLAIMA – acabar com uma conversa inoportuna e irritante.
MANHOCA – pega do guarda-chuva.
MANTÊGA NO FOCINHO DOS CÃES – coisa de pouca duração.
MÁ RAÇA, DE – diz-se da criança viva, ladina.
MAREIA – orvalho matinal.
MARIFRANCISCA – vagina.
MARMITA – cara, face.
MARÔVÉL – vagabundo; pessoa suspeita.
MARRADA – pequeno bosque cerrado de carvalhos jovens.
MARRAFA - penteado de homem.
MARRALHÊRO – febril.
MARRANA – corcova.
MARROQUINO – campónio.
MÁRTÉR SANTO – São Sebastião.
MARTÍROS – canto quaresmal que retrata Cristo sofredor.
MARTUNTO – pessoa bruta, sem instrução nem bom senso.
MASSÊRÃO – tronco escavado onde comem os porcos na pocilga.
MASTRANÇONA – mulher de má nota; boneca feia.
MATORRAL – matagal.
MEDALHA – nódoa na roupa.
MEDIR P’LA MESM’ ÀRRESÔRA – avaliar do mesmo modo, pela mesma bitola.
MEIA LATINHA – um quarto de litro.
MEIARRÁTE – duzentos e cinquenta gramas.
MEIPAU – prémio de consolação; mal menor.
MEJÉR À PAREDE – emancipar-se.
MEJÊTA – corrente de água escassa.
MELAGRENTO – pessoa que se espanta em excesso.
MELÉGRES – manifestações de espanto, geralmente ruidosas ou excessivas.
MERCANTISTA, À – à pressa; sem cuidado.
MESÉRIA - aflição.
METER A PENADA – intrometer-se.
METER AS CABRAS NO CURRÉL – vencer uma discussão.
METER DENTE – compreender.
MEXURFADA – comida mal confeccionada.
MIJAMANSINHO – pessoa falsamente ingénua.
MINA – tesouro escondido.
MINGENGRA – mulher desprezível.
MITRIGAITA, DE – com personalidade difícil.
MOBÍLIA DO TI’ ZÉ BRASUNA – mobília pobre.
MOCHO – diz-se do cabrito sem chifres.
MOFÊDO – matagal cerrado.
MONELHO – rolho de cabelo que se origina depois de uma mulher se pentear.
MONQUEFUNGO – indivíduo feio, antipático e/ou ensimesmado.
MORDER AS ORELHAS – namorar.
MOTRÊCO – pedaço de pão seco.
MOXINGA – porcaria; grande sujidade acumulada num espaço determinado.
MOXO - banco feito com a pernada de um sobreiro.
MORRINHA – mortandade.
MORTAÇO – mortandade.
MOSCA VAREJÊRA – pessoa que escuta ou vigia o que os outros dizem ou fazem, com o propósito de contar as suas opiniões ou acções.
MÔRINHO – criança que não recebeu o baptismo.
MUÃ, À - de graça; sem esforço.
MUGUENGO – abóbora com cor alaranjada.
MURRÉÇA – vinho.
MUSGAR – chamuscar os porcos.
N
NÃO ARMAR NADA – mostrar-se impotente na relação sexual.
NÃO CRER QUE HÁ BRUXAS – não acreditar no que está provado.
NÃO MIJAR NO SEU PENICO – não merecer confiança.
NÃO TER BARRIGA PRA CALDOS – não ser capaz de guardar segredos.
NÃO TER UM TOSTÃO FURADO AO SOL – estar falido, sem dinheiro.
NÃO TER UM TOSTÃO PARTIDO PLO MEIO – estar falido, sem dinheiro.
NASCENÇA – cancro.
NÓL - nó.
NUVEDÉDE – colheita; rendimento da produção agrícola.
NUVRACÊRO – nevoeiro.
NUVRINA – neblina.
O
ÓCA - ocre amarelo ou vermelho.
ÔLHAMENTO - capacidade de respeitar as conveniências ou de retribuição na justa medida um favor.
OLHO DE FIGO CURIGO, TER – manifestar esperteza.
ONDE O DIÉBE PARIU A MÃE – muito longe.
ORIBOL, DEIXAR-SE IR NO - ser enganado ou ludibriado.
ÔSIÉR – guardar o gado; ajudar.
ÔVIR TOCAR O SINO GRANDE – ser repreendido.
P
PACHELGAS – pessoa lenta.
PADRE E SACRISTÃO, SER – falar muito; responder às suas próprias perguntas.
PADRE-NOSSOS CASTELHENOS – resmungos.
PAGUILHA – pagamento.
PALAVRAS DITAS E RETORNADAS – conversa muito repetitiva.
PALHAÇA – queda; tombo.
PANELINHA – combinação secreta; pacto; conluio.
PANGAIADA – patuscada; convívio entre homens.
PANTALONAS – calças largas.
PANTASMA – fantasma.
PAPAGAIO REAL – pessoa que repete tudo o que lhe dizem.
PAPARRATOS – massa das farinheiras frita em croquetes.
PAPÔLA – vagina.
PARCÊRAS – placenta.
PARDAL DA ‘STERQUÊRA – pessoa interesseira e ambiciosa.
PAR DE JARRAS – casal; par de amigos.
PARDILHA, COM A – alquebrado; preguiçoso.
PARIR A GALEGA – haver grande número de pessoas num local.
PARÔVÃO – ingénuo.
PARTIR A CANTARÊRA – surpreender.
PARTIR A SOCO – cortar um alimento sem o auxílio duma faca ou duma navalha.
PASSAR A PATACOS – vender.
PÁSSARO DA REBÊRA – pessoa viva e interesseira.
PASSAR PLAS BRASAS – adormecer.
PASTILHA DE CIBAZOL - copo de vinho ou de outra bebida alcoólica.
PATA CHANCA – pessoa coxa.
PATA DE CHAMBARIL, À – rispidamente.
PATAGALHARDA – jogo infantil.
PATAGANHAS – pés ou mãos com tamanho anormal.
PATAMÊRO – pântano; terreno alagado.
PATAROU – pessoa esclerosada, devido à idade avançada.
PAU DE VIRAR TRIPAS – pessoa alta e magra.
PAZ D’ ALMA – pessoa bondosa.
PÊDÉDO – adoentado.
PÉ DE VENTO – zanga passageira.
PEDRO-MARIA – homem bisbilhoteiro.
PÊDE-MESTRE – morte.
PEDRISCO – granizo.
PEGANHAR – gozar; arreliar.
PEGANHOSO – implicativo; gozão.
PELADO – careca; adjectivo atribuído aos habitantes de Marvão.
PELHARANCA – pele humana flácida.
PELHÊGO – corpo humano; tronco.
PELHÊRA – armário escavado na parede, geralmente coberto por uma cortina.
PELICE – samarra; casaco com gola de pele de raposa.
PENEGAR – sofrer.
PENIQUÉDA – dejectos depositados num penico e laçados à rua.
PENIQUE DO CÉU – designação jocosa da aldeia de Carreiras.
PERNA DE AIVECA – pessoa coxa.
PERRICE – birra infantil.
PESCULHOSO – exigente; esquisito.
PESETA – pessoa ruim.
PÊXE DO RIO – qualquer peixe pescado em meio fluvial para fins alimentares.
PEXELIM – peixe seco semelhante ao bacalhau, mas com poucas espinhas.
PÊXINHO – homossexual.
PIEL – poial.
PÍFARO – pénis.
PINCOLHA – parte cimeira de uma árvore.
PINTESSILGO – pedinte.
PIPI DA TABELA – habitante da cidade.
PLACHO – nu.
PLANCHÃO – barriga.
PÓDA – planta que origina os cravos.
PÔIA – pão dado como maquia ao dono do forno onde se cozeu a amassadura.
POLÍTICO – de relações cortadas.
PONTA DA UNHA, À – com agilidade; com facilidade.
PONTO-MARCA – ponto-de-cruz.
PÔPO – trança de cabelo enrolada na nuca ou no alto da cabeça.
PÔR A TRAPÊLO – usar no dia a dia.
PÔR EM MÁ CAMPO – embaraçar; difamar.
PORTADO – entrada duma propriedade rural; parede de pedra solta que ruiu.
PÔR UMA ESPINGUÉRDA À CARA – falar ininterruptamente.
POVO – centro da povoação; aldeia.
PRÉIDO – propriedade agrícola.
PRESA – represa de pequena dimensão.
PRESALÔRA – borboleta.
PRESENTE – dejecto humano.
PROCURÉR – perguntar.
PUXAR DESPIQUE – pedir razões.
Q
QUARTA – vasilha em chapa de zinco para o transporte de água ou leite.
QUARTEL – lugar de dormida durante a execução das tarefas agrícolas.
QUÊJO D’ ÔRO – salvação eterna.
QUESCÓIDA – sujidade acumulada, difícil de limpar.
QUINTO – pessoa da mesma idade.
R
RABACÊRO – que gosta muito de qualquer espécie de fruta.
RABENELGA – resmungona; rebelde.
RABITA – viva, com vitalidade.
RABO ALÇADO, DE – zangado.
RAIVOSA – nuvem pouco carregada.
RAMBÓIA – boémia.
RAMONA – carrinha velha.
RASPA-CASSOLAS – insecto.
RATATAU – prato constituído por carne guisada com batatas; bodo dos pobres.
REBENTAR C’O CU C’MÀ CEGUÉRRA – falir.
RECANGÃO, DE – arrastado.
REGAR - mentir; ironizar.
RELOQUÉDO - muito, bastante (usa-se apenas na expressão "reloquédo de contente").
REMANECER – infiltrar (um líquido).
REMUNGÉR – resmungar.
REPOLHO DE PÉ CURTO – pessoa baixa e atarracada.
RESTOLHÉDA – mistura; conjunto.
RETÔÇA – brincadeira.
RETONIÇO - resto da azeitona, que fica no chão.
RÉZIO – resoluto, apesar da idade avançada.
RIGUIDONGO – vaidoso; presunçoso.
ROER A CORDA – submeter-se involuntariamente a uma opinião.
ROGAR – oferecer; propor um negócio.
S
SABÃO DA BRUXA – resina proveniente de algumas árvores de fruto (abrunheiros ou pessegueiros, por exemplo).
SABONETE – reprimenda; censura.
SABUGO – ânus.
SACANA – adjectivo atribuído aos habitantes da freguesia dos Fortios (Portalegre).
SAIR O POMBO MOCHO – ver goradas as expectativas.
SALAPISMO – problema.
SALTADÔRO – passagem entre dois terreno, onde tem de se saltar uma parede.
SALTE RATO - diz-se do tecto que tem grandes aberturas entre as tábuas do forro.
SANTANÁRIO - beato; frequentador assíduo da igreja.
SAPATEIRA - diz-se da azeitona temperada, depois de estragada.
SAQUIA – corrente de água poluída; lixeira.
SARRAZENÉR – chatear.
SECUMBIDO – chateado; macambúzio.
SELO – sujidade entranhada na roupa, especialmente nos colarinhos, nos punhos e nos cotovelos.
SENÉIS – toque do sino a finados.
SERÃO P’RA TRABALHADORES – conversa chata, ininterrupta.
SERRÃO – papo dum galináceo.
SNHUM – senhor ou senhora.
SOBRECAMA – espécie de sótão, construído em madeira e situado sobre os quartos.
SOLDADOR – curadeiro ou bruxo.
SOPA DE LANDUM – sova; pancada.
SOMANTA – sova; espancamento.
SORTE – parcela de uma herdade ou quinta.
SORTES – inspecção militar.
T
TÁBUA NO CU, LEVAR C' A - ver goradas as suas expectativas.
TABUÃO – nódoa negra.
TALÊGO – saco de serapilheira com pouca capacidade.
TALERFE – marco geodésico; pinoco.
TAMPA, LEVAR UMA - ver goradas as suas expectativas.
TANGANHO – varapau.
TAPADA – terreno vedado por muros de pedra seca, onde existem sobreiros ou carvalhos.
TAPADA, ENTRAR PRÀ – casar.
TAPONA – bofetada.
TARASCA – coscuvilheiro ou coscuvilheira.
TARECO – bisbilhoteiro; homem sem palavra.
TARRO – vasilha térmica com asa feita em cortiça.
TÁTE! – atenção!
TÃVÁ – fórmula de despedida; adeus.
TERRINCAR – roer os dentes uns nos outros.
TIO NO BRASIL – pessoa influente e rica.
TIORGA – bebedeira.
TOCAR UMA GAITA – ver goradas as suas expectativas.
TOMBA – remendo no sapato.
TONDO – pano de serapilheira colocado debaixo das oliveiras durante a colha da azeitona.
TORNOZELOS – bola de muco nasal ou de sangue seco.
TORTO DA CRENÇA – pessoa bastante teimosa.
TOSA - sova.
TOSSE DE CÃO – tosse seca.
TRABUZENA – doença súbita; desmaio.
TRANGALHADANÇAS – pessoa desajeitada.
TREMPECALHADA – quinquilharia.
TRETAS NO CAPACETE – mau génio; manias.
TRÍZIA – icterícia; hepatite.
TRINTA GARRIPAS - cabelo longo e liso
TROÇA – grossa fatia de pão.
TROÇA DA TI’ MARI’ DO MONTINHO – fatia de pão excessivamente grande.
TROGALHO – pessoa mal vestida.
TROMBA-LOBOS – pessoa antipática.
TRONGO – ruim; com feitio difícil.
TRONGO C’MÒS BAILES DA VILA – extremamente ruim.
TROPÊÇO – pequeno banco feito com pranchas de cortiça.
TXTÓ! – nunca!
U
ULEVÉL – olival.
ULEVÊRA – oliveira.
UMBEGUÉDA – abdómen saliente.
UNHAGATA – vagem do feijão em crescimento.
URVELHENA – amendoim.
V
VAGATURA – tempo disponível.
VARÊRÃO - preguiçoso.
VASSÔRA VARREDÔRA – mortandade.
VEDONHO DA LATADA – actividade costumeira pouco apreciada.
VENETA – birra.
VENHÀ-NÓS – lucro.
VENTAS DE PENICO – pessoa carrancuda.
VER OS TÔRES DE PALANQUE - apreciar de longe um conflito ou uma atitude incorrecta
VERSO – texto narrativo versificado.
VERTER ÁGUAS – urinar.
VESTIDO EM PÉ - vestido feminino completo numa só peça.
VISGAS – fisgas.
VIVEDIÉBO – pessoa ruim.
X
XIXA – carne.
Z
ZANA, ANDAR NA - ter uma vida errante; fazer vida com prostitutas e mulheres de má vida.
ZAMBANA - o mesmo que atabefe; soro da coalhada que dá origem ao queijo.
ZANGARRADA – barulho.
ZANGARRÊRA – barulho.
ZIÉBRE – oxidação do cobre ou do bronze.
ZIPAR – roubar.
ZIPLA – erisipela.
ZOÊRA – barulho nos ouvidos.
NOMES PRÓPRIOS E APELIDOS:
ALFURÊDO - Alfredo
BADALUPE - Guadalupe
BADANELA - Madalena
D'ÁLEGRIA - [Maria] da Alegria
D'RUSÁRO - [Maria] do Rosário
D'LUVINA - Ludovina
ÊMILA - Emília
ESTINA - Justina
'STRAMONTANO - Transmontano
'STRUDES - Gertrudes
FÁSTINO - Faustino
F'CEDÉDE - Felicidade
FEVRÓNHA - Feverónia
F'LIÇA - Felícia
HINÓRIO - Honório
INGÉLCA - Angélica
INLÍSIA - Elisa
LIANOR - Leonor
L'TÉRE - Eleutério
OITAVO - Octávio
PESCAÍNHA - Biscainha
PIADADE - Piedade
QUESTÓIDA - Custódia
QUIATÓNHE - Caetano
R'SÁRA - Rosária
SABASTIÃO - Sebastião
SARROCEUM - Ressurreição
S'LUSTINO - Celestino
SIDÓNHO - Possidónio
TIATÓNHE - Teotónio
VÍTARO - Vítor
ZAQUIEL - Ezequiel
ZEFA - Josefa
ZIDRO - Isidro
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
Maria Guadalupe Alexandre
http://www.jf-carreiras.pt/1_toponimos1.html
O topónimo Carreiras ou Carreira
Das 6 freguesias portuguesas denominadas Carreira ou Carreiras, segundo o Dicionário Lello Universal, 1.º Volume, ocupamo-nos da ultima citada na referida obra e que é a de S. Sebastião de Carreiras no Distrito e Concelho de Portalegre.
As outras cinco situam-se no Norte de Portugal, especialmente no Distrito de Braga (4), existindo uma no Distrito do Porto.
Temos: Carreira - freguesia do Concelho de Barcelos; freguesia do Concelho de Santo Tirso; freguesia do Concelho de Vila Nova de Famalicão.
Carreiras - freguesia do Concelho de Vila Verde, tendo como Padroeiro São Miguel; outra freguesia do mesmo Concelho, tendo como Padroeiro São Tiago.
A de Barcelos ostenta a torre de Penagate "muito antiga e já sem ameias"; a de São Miguel de Vila Verde guarda as ruínas da antiga torre de D. Egas Pais, valido Conde D. Henrique, pai do Fundador da Nacionalidade.
Falaram-nos alguns familiares da Freguesia de Carreiras na zona de Torres Vedras que desconhecemos, mas não quisemos deixar de referir.
No Norte Alentejano, a aldeia de Carreiras ou simplesmente Carreira, na linguagem dos mais velhos e mesmo na dos mais novos, em tom coloquial, forma atestada na poesia popular, tem como Padroeiro São Sebastião, o que raramente acontece, mesmo nas regiões onde o Mártir de Narbona é venerado.
O topónimo Carreira provém do latim CARRARIA que significa "caminho para carros"
A evolução fonética é a seguinte:
CARRARIA > Carraira (1) > Carreira (2)
1. atracção da semivogal para junto do tónico.
2. Passagem de "a" a "e" por se lhe seguir a semivogal "i".
No "Compêndio da Gramática Histórica Portuguesa", o seu autor, Dr. José Joaquim Nunes escreve: "A tónico, seguido imediatamente ou, separado apenas por uma só consoante (que ou cai ou persiste conforme a sua natureza) das semivogais "i" e "u", quer originárias quer provenientes de consoante, atrai estas ou passa respectivamente para "e" e "o" ou conserva-se inalterado, formando assim os ditongos "ei" ou "ai" e "ou" ou "au". Um dos exemplos é:
FURNARIU > furnairo > forneiro
Tudo muito fácil se a aldeia não fosse conhecida pelos seus caminhos que até à segunda metade do século XX não passavam de difíceis azinhagas, com enormes pedregulhos "nascediços" característica atestada pelo menos numa quadra popular e num excerto do poeta Domingos Fernandes dela natural.
"Já me davam dez moedas
para ir casar à Carreira...
E eu não quero as dez moedas,
para não subir a ladeira."
"És mal servida de estradas
e tens muito maus caminhos...
Mas tens muito boa gente
e eu vivo muito contente
no cimo dos teus canchinhos."
Assim, como teria ela tido ou sido caminho para carros?
Acresce que do outro lado da Serra que lhe fica a Nordeste existe um local também denominado Carreira (Escusa, freguesia de Aramenha) onde não se vislumbra qualquer indício de caminho.
Surgiu então a alguns estudiosos da zona outra hipótese de explicação do topónimo.
Carreiras teria provindo do nome francês Carriére oriundo do latim QUADRUS (quadrado) e que significa "local onde se exploram produtos minerais (não metálicos nem carboníferos) e em particular rochas próprias para a construção.
Rochas não faltam quer na aldeia quer no sitio com o mesmo nome, do outro lado da serra, mas não há vestígios de pedreiras.
Descontente com esta explicação encontrei uma outra que satisfaz ainda menos.
O vocábulo francês Carriére pode também provir do Latim CARRU, significando entre outras coisas uma "ampla superfície destinada a exercícios de equitação, em terreno descoberto".
Se existiu não deixou o mais leve indicio.
Voltei à CARRARIA que julgo mais apropriada a um povoado de origem remota (com monumentos e achados pré-históricos), situado a escassos quilómetros da cidade romana de Ammaia e com um velho caminho, mais tarde transformado em "estrada camarária" que desembocava (como actualmente) na freguesia de Aramenha, perto do local onde passava a VIA que ligava Ammaia a Ebora.
Na Revista "IBN MARUAN", n.º 13 pode ler-se o seguinte: "... esta via revestia-se de uma grande importância comercial, já que permitia o acesso aos célebres mármores de Estremoz e de Vila Viçosa, tão apreciados pelas elites urbanas e rurais."
E ainda:
Os caminhos pedestres que existem na região, alguns deles de origem romana, outros medievais, seriam importantes na interligação comercial do mundo urbano com o mundo rural (aglomerados secundários, VILLAE, casais ou pequenos sitios.)
Que existiu um caminho pedestre não parece difícil de aceitar, mas o topónimo aponta para carros e é dos carros romanos que vamos falar.
Em "História da Humanidade - Roma" (2008) há uma página consagrada aos meios de transporte em que se afirma:
"Havia definitivamente todo o género de carros para todos os gostos e fortunas."
Os mais relacionados com CARRARIA seria o CARRU, galera ou carroção puxado geralmente por dois cavalos. No entanto o conforto, a forma de tracção, a cobertura, o numero de rodas (2 ou 4), o facto de terem um ou mais cavalos de tiro, um ou mais lugares determinaram o aparecimento de veículos com as seguintes denominações:
RAEDA; SARRACA; ARCUMA; CISIUM
O mais utilizado era a RAEDA com capacidade para várias pessoas e muitas bagagens.
O mais luxuoso chamava-se CARRUCA e era parecido com um coche - 4 rodas, 2 ou 4 cavalos de tiro totalmente cobertos, com 4 assentos cómodos, por vezes enfeitado com ouro e prata.
Por sua vez o COVINUS podia ser conduzido pelo próprio viajante, sem necessidade de cocheiro. Marcial fala da "agradável solidão" que proporcionava.
Voltamos gostosamente, a CARRARIA proveniente de CARRU, vocábulo que embora latino é de origem gaulesa. Pelo possível caminho romano que ligaria os Alvarrões (Aramenha) a Carreiras só passariam carroções puxados por poucos cavalos. Não seria mais que um atalho estreito com sulcos abertos pela passagem repetida das rodas ou pela mão do Homem para facilitar essa passagem.
É claro que pela VIA de EBORA transitariam veículos de transporte de carga, de passeio...
Seria esse caminho a CARRARIA que passava por um VICUS que mais tarde lhe herdou o nome?
Apenas uma hipótese...
Bibliografia
Bernardo, Bonifácio dos Santos - Aldeia de Fortios, Memória Histórica. Edições Colibri, 2009
Fernandes, Domingos - Manuscrito
História da Civilização - Roma. Edição do Circulo de Leitores - 2008
IBN MARUAN (Número especial) São Salvador da Aramenha - História e Memórias da Freguesia
Coordenação de Jorge Oliveira - 2005
Larrouse em Couleurs (Dicionário Enciclopédico Unilingue) - 1981
Lello Universal
Dicionário Enciclopédico Luso-Brasileiro - 1974
Machado, José Pedro - Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa.
http://www.jf-carreiras.pt/1_toponimos1.html
O topónimo Carreiras ou Carreira
Das 6 freguesias portuguesas denominadas Carreira ou Carreiras, segundo o Dicionário Lello Universal, 1.º Volume, ocupamo-nos da ultima citada na referida obra e que é a de S. Sebastião de Carreiras no Distrito e Concelho de Portalegre.
As outras cinco situam-se no Norte de Portugal, especialmente no Distrito de Braga (4), existindo uma no Distrito do Porto.
Temos: Carreira - freguesia do Concelho de Barcelos; freguesia do Concelho de Santo Tirso; freguesia do Concelho de Vila Nova de Famalicão.
Carreiras - freguesia do Concelho de Vila Verde, tendo como Padroeiro São Miguel; outra freguesia do mesmo Concelho, tendo como Padroeiro São Tiago.
A de Barcelos ostenta a torre de Penagate "muito antiga e já sem ameias"; a de São Miguel de Vila Verde guarda as ruínas da antiga torre de D. Egas Pais, valido Conde D. Henrique, pai do Fundador da Nacionalidade.
Falaram-nos alguns familiares da Freguesia de Carreiras na zona de Torres Vedras que desconhecemos, mas não quisemos deixar de referir.
No Norte Alentejano, a aldeia de Carreiras ou simplesmente Carreira, na linguagem dos mais velhos e mesmo na dos mais novos, em tom coloquial, forma atestada na poesia popular, tem como Padroeiro São Sebastião, o que raramente acontece, mesmo nas regiões onde o Mártir de Narbona é venerado.
O topónimo Carreira provém do latim CARRARIA que significa "caminho para carros"
A evolução fonética é a seguinte:
CARRARIA > Carraira (1) > Carreira (2)
1. atracção da semivogal para junto do tónico.
2. Passagem de "a" a "e" por se lhe seguir a semivogal "i".
No "Compêndio da Gramática Histórica Portuguesa", o seu autor, Dr. José Joaquim Nunes escreve: "A tónico, seguido imediatamente ou, separado apenas por uma só consoante (que ou cai ou persiste conforme a sua natureza) das semivogais "i" e "u", quer originárias quer provenientes de consoante, atrai estas ou passa respectivamente para "e" e "o" ou conserva-se inalterado, formando assim os ditongos "ei" ou "ai" e "ou" ou "au". Um dos exemplos é:
FURNARIU > furnairo > forneiro
Tudo muito fácil se a aldeia não fosse conhecida pelos seus caminhos que até à segunda metade do século XX não passavam de difíceis azinhagas, com enormes pedregulhos "nascediços" característica atestada pelo menos numa quadra popular e num excerto do poeta Domingos Fernandes dela natural.
"Já me davam dez moedas
para ir casar à Carreira...
E eu não quero as dez moedas,
para não subir a ladeira."
"És mal servida de estradas
e tens muito maus caminhos...
Mas tens muito boa gente
e eu vivo muito contente
no cimo dos teus canchinhos."
Assim, como teria ela tido ou sido caminho para carros?
Acresce que do outro lado da Serra que lhe fica a Nordeste existe um local também denominado Carreira (Escusa, freguesia de Aramenha) onde não se vislumbra qualquer indício de caminho.
Surgiu então a alguns estudiosos da zona outra hipótese de explicação do topónimo.
Carreiras teria provindo do nome francês Carriére oriundo do latim QUADRUS (quadrado) e que significa "local onde se exploram produtos minerais (não metálicos nem carboníferos) e em particular rochas próprias para a construção.
Rochas não faltam quer na aldeia quer no sitio com o mesmo nome, do outro lado da serra, mas não há vestígios de pedreiras.
Descontente com esta explicação encontrei uma outra que satisfaz ainda menos.
O vocábulo francês Carriére pode também provir do Latim CARRU, significando entre outras coisas uma "ampla superfície destinada a exercícios de equitação, em terreno descoberto".
Se existiu não deixou o mais leve indicio.
Voltei à CARRARIA que julgo mais apropriada a um povoado de origem remota (com monumentos e achados pré-históricos), situado a escassos quilómetros da cidade romana de Ammaia e com um velho caminho, mais tarde transformado em "estrada camarária" que desembocava (como actualmente) na freguesia de Aramenha, perto do local onde passava a VIA que ligava Ammaia a Ebora.
Na Revista "IBN MARUAN", n.º 13 pode ler-se o seguinte: "... esta via revestia-se de uma grande importância comercial, já que permitia o acesso aos célebres mármores de Estremoz e de Vila Viçosa, tão apreciados pelas elites urbanas e rurais."
E ainda:
Os caminhos pedestres que existem na região, alguns deles de origem romana, outros medievais, seriam importantes na interligação comercial do mundo urbano com o mundo rural (aglomerados secundários, VILLAE, casais ou pequenos sitios.)
Que existiu um caminho pedestre não parece difícil de aceitar, mas o topónimo aponta para carros e é dos carros romanos que vamos falar.
Em "História da Humanidade - Roma" (2008) há uma página consagrada aos meios de transporte em que se afirma:
"Havia definitivamente todo o género de carros para todos os gostos e fortunas."
Os mais relacionados com CARRARIA seria o CARRU, galera ou carroção puxado geralmente por dois cavalos. No entanto o conforto, a forma de tracção, a cobertura, o numero de rodas (2 ou 4), o facto de terem um ou mais cavalos de tiro, um ou mais lugares determinaram o aparecimento de veículos com as seguintes denominações:
RAEDA; SARRACA; ARCUMA; CISIUM
O mais utilizado era a RAEDA com capacidade para várias pessoas e muitas bagagens.
O mais luxuoso chamava-se CARRUCA e era parecido com um coche - 4 rodas, 2 ou 4 cavalos de tiro totalmente cobertos, com 4 assentos cómodos, por vezes enfeitado com ouro e prata.
Por sua vez o COVINUS podia ser conduzido pelo próprio viajante, sem necessidade de cocheiro. Marcial fala da "agradável solidão" que proporcionava.
Voltamos gostosamente, a CARRARIA proveniente de CARRU, vocábulo que embora latino é de origem gaulesa. Pelo possível caminho romano que ligaria os Alvarrões (Aramenha) a Carreiras só passariam carroções puxados por poucos cavalos. Não seria mais que um atalho estreito com sulcos abertos pela passagem repetida das rodas ou pela mão do Homem para facilitar essa passagem.
É claro que pela VIA de EBORA transitariam veículos de transporte de carga, de passeio...
Seria esse caminho a CARRARIA que passava por um VICUS que mais tarde lhe herdou o nome?
Apenas uma hipótese...
Bibliografia
Bernardo, Bonifácio dos Santos - Aldeia de Fortios, Memória Histórica. Edições Colibri, 2009
Fernandes, Domingos - Manuscrito
História da Civilização - Roma. Edição do Circulo de Leitores - 2008
IBN MARUAN (Número especial) São Salvador da Aramenha - História e Memórias da Freguesia
Coordenação de Jorge Oliveira - 2005
Larrouse em Couleurs (Dicionário Enciclopédico Unilingue) - 1981
Lello Universal
Dicionário Enciclopédico Luso-Brasileiro - 1974
Machado, José Pedro - Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa.
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Património Religioso
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- Capela de São Bento (Quinta de São Bento, Ribeira de Nisa, Portalegre)
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- Igreja de São Sebastião (Carreiras, Portalegre)
- Igreja e convento de Sta. Clara (Portalegre)
- Mosteiro da Provença de Vale de Flores (Ribeira de Nisa)
- Mosteiro de São Mamede (Reguengo, Portalegre)
- O Menino Jesus das Carreiras
- Património religioso do concelho de Portalegre (inventário)
- Pintura mural (fotografias)
- Pinturas murais da Matriz de Arronches (artigo de Patrícia Monteiro e Maria João Cruz)
- Retábulos (fotografias)
- Santo António na região de Portalegre
Património Militar
Património Civil
- Chaminés tradicionais (Carreiras, Portalegre)
- Habitação na Outra Rua (Carreiras, Portalegre)
- Habitação tradicional da Serra de São Mamede
- Habitação tradicional em Calçadinha (Carreiras, Portalegre)
- Habitação tradicional em Pomares (Carreiras, Portalegre)
- Herdade de João Martins (Carreiras, Portalegre)
- Monte da Gente (Carreiras, Portalegre)
- Torres senhoriais da freguesia de Carreiras (Portalegre)
Cancioneiro
Lendas e outras narrativas
- Lenda da construção do castelo de Marvão
- Lenda da Cova da Moura (Porto da Espada, Marvão)
- Lenda da Escusa (Marvão)
- Lenda da Fonte do Capitão (Ribeira de Nisa)
- Lenda da Fonte do Martinho (Castelo de Vide)
- Lenda da Fonte dos Cães (Castelo de Vide)
- Lenda da fundação de Carreiras
- Lenda da fundação de Portalegre
- Lenda da herdade da Cabaça (Portalegre)
- Lenda da igreja de São Sebastião (Carreiras)
- Lenda da imagem de Nossa Senhora da Estrela (Marvão)
- Lenda da imagem de S. Pedro (Alegrete)
- Lenda da imagem do Mártir Santo (Carreiras)
- Lenda da Maia (Portalegre)
- Lenda da Moura do Reguengo
- Lenda da moura dos Fortios
- Lenda da Pedra da Moura (Caia, Urra)
- Lenda da ponte da Portagem (Marvão)
- Lenda da serra da Penha (Portalegre)
- Lenda da Serra de Frei Álvaro
- Lenda da Serra de Matamores (Fortios)
- Lenda das santas da Aramenha (Marvão)
- Lenda de Marvão
- Lenda de Nossa Senhora da Alegria (Alegrete)
- Lenda de Nossa Senhora da Penha (Castelo de Vide)
- Lenda de Nossa Senhora da Penha (Portalegre)
- Lenda do ataque dos mouros a Marvão
- Lenda do castelo de Carreiras (Portalegre)
- Lenda do Mártir Santo (Fortios)
- Lenda do Porto da Espada (Marvão)
- Lenda do poço sem fundo do castelo de Marvão
- Lenda do rio Sever
- Lenda do tesouro da igreja de São Domingos (Fortios)
- Lenda do tesouro da Serra de São Mamede
- Lendas da Provença (Ribeira de Nisa)
Orações e outros textos religiosos
Romanceiro Tradicional
Romanceiro Religioso
Romanceiro Vulgar
- A sala do meu recreio
- Despique entre dois pretendentes
- Despique entre marido e mulher (1)
- Despique entre marido e mulher (2)
- Diálogo entre dois jovens na colha da azeitona
- Joaninha e o estudante
- Jovem enganada pelo namorado suicida-se ("A costureira")
- Jovem espera pelo namorado que morreu na guerra
- Jovem parte para a tropa nos Açores
- Jovem põe namorada à prova
- Jovem seduzida convence namorado a casar
- Jovem seduzida é desprezada pelo pretendente
- João Silva da Costa
- Juramento amoroso
- Maria Fernandes Pereira
- Mariquinhas
- O patrão e a criada
- Soldado esquecido pela noiva expõe-se à morte na batalha
- Vida de soldado
Toponímia e outros vocábulos
O Norte Alentejano na Literatura
Outros patrimónios materiais
Documentos
- Carreiras (Portalegre), alguns topónimos
- Carreiras (Portalegre), outros topónimos
- Carreiras (Portalegre), segundo Maria Guadalupe (1)
- Carreiras (Portalegre), segundo Maria Guadalupe (2)
- Carreiras (Portalegre), segundo Maria Guadalupe (3)
- Carreiras (Portalegre), segundo Maria Guadalupe (4)
- Carreiras (Portalegre), segundo Maria Guadalupe (5)
- Carreiras (Portalegre), segundo Maria Guadalupe (6)
- Censos 2011 (Portalegre)
- Da realidade quotidiana (Avelino Bento / Nicolau Saião)
- Fanal, memória dum suplemento cultural no Alentejo
- História da freguesia de São Simão da Serra (Nisa) (J. D. Murta)
- Ibn Maruán (on line)
- Igreja da Senhora da Penha (Castelo de Vide) (Tarsício Alves)
- Memórias paroquiais de Castelo de Vide (1)
- Memórias paroquiais de Castelo de Vide (2)
- Memórias paroquiais de Castelo de Vide (3)
- Memórias paroquiais de Castelo de Vide (4)
- Memórias paroquiais de Castelo de Vide (5)
- Memórias paroquiais de Castelo de Vide (6)
- Memórias paroquiais de Castelo de vide (7)
- Memórias paroquiais de Castelo de Vide (8)
- Normas para a defesa do património diocesano
- Portalegre vista por D. Antonino Dias
- Primeira República em Carreiras (Portalegre)
- Raízes indoeuropeias
- Raízes semitas
- Sobre a Ordem Terceira da Penitência de Portalegre (artigo de Fernando Correia Pina)
- Sobre as lendas religiosas (in INVENIRE nº 2, 2011)
- Sobre as origens de Santo António das Areias (Jorge de Oliveira)
- Sobre o hidrónimo "Xévora"
- Sobre o topónimo "Ammaia"
- Sobre o topónimo "Carreiras" (Maria Guadalupe Alexandre)
- Sobre o topónimo "Larou"
- Sobre os nomes "Urraca" e "Urra"
- Toponímia moçárabe
- Topónimos derivados de "burj"
- Topónimos derivados de AGER ou AGGER
- Topónimos derivados de KAR
Opiniões
- A arquitectura e o seu uso
- Aclarar a memória [s/ livro de Bonifácio Bernardo]
- Humilhar José Duro, exaltar D. João III
- Portalegre, alguns exemplos
- Ressurreição? [s/ nº 15 d' A Cidade]
- Um amigo e uma exposição [s/ pintura de João Salvador Martins]
- Um comércio moribundo
- Um exemplo discreto [s/ João Ribeirinho Leal]
- Um livro humilde e rigoroso [s/ livro de Rosário Salema de Carvalho]
Outras páginas de Ruy Ventura:
PORTALEGRE: CLASSIFICAR PATRIMÓNIO, APAGAR PATRIMÓNIO Segundo noticiou o jornal “Alto Alentejo”, na sua edição ...
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VOCABULÁRIO USADO NA FREGUESIA DE CARREIRAS (Serra de São Mamede, Alentejo) Tenho consciência de que ao publicar este vocabulário es...
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Lenda da Maia (Portalegre) Versão literária, de proveniência desconhecida, publicada na Grande Enciclopédia Portuguesa-Brasileira , vo...
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Angelina gloriosa 1 Versão de Carreiras (Portalegre), recitada por Ana Fernandes Martins (1913-1997) e recolhida por Maria da Liberda...